Eu penso que a vida é frágil, efêmera, como tudo que há nela. Passa tão rápido... Poucas são as coisas que permanecem inalteráveis ao longo da nossa existência! De repente olhamos para trás e percebemos que o tempo passou, pessoas e coisas passaram também, além das ilusões e sonhos desfeitos. Como canta Oswaldo Montenegro em A Lista, Faça uma lista dos sonhos que tinha, Quantos você desistiu de sonhar!
É inevitável a reflexão: o que eu fiz? De bom? ruim? qual a diferença que fiz no mundo? Eu fiz diferença? Difícil responder... O que nos leva a crer que fazemos a diferença no mundo? Ou que deveríamos fazê-la?
Há momentos que nos sentimos mortos em vida! Os acontecimentos, as adversidades, por vezes nos chegam violentamente. Vêm em uma onda de energia numa violência tão intensa, que a impressão é a de um furacão a passar. Ele vem e lança destruição em tudo que edificamos e depois... O que fica? O que resta? Escombros! É essa a sensação. De fim, de final. Sensação de que nada de inteiro restou, de que tudo está destruído e acabado. Uma tristeza profunda nos toma o coração e a alma.
Nesse momento, nada, ou quase nada, consegue nos livrar da dor da ausência do quê antes nos ocupava o cotidiano. Os pedaços espalhados ao chão criam vida em nossa memória... Cada um deles não nos deixa esquecer do que antes foi inteiro... Se fôssemos realmente analisar, pode ser que chegaríamos à conclusão de que nem nos sentíamos felizes com o que tínhamos, mas a idéia de ausência, da falta, nos assombra com fantasmas, que nos impedem de olhar à frente e caminhar. E a culpa, o não perdão daqueles que ferimos, nos amarram a caminhada e permanecemos escravos da saudade, das lembranças e da sensação de que se tívessemos agido diferente tudo estaria inteiro ainda...
Será? A culpa redime? Eu penso que não, pelo contrário, nos mantém presos, amarrados e mais, ao olhar para trás corremos o risco de virar estátua de sal, como a mulher de Ló, personagem bíblico em Gênesis...
No entanto, mesmo mortos, continuamos a caminhar impulsionados pela dinâmica natural da existência, a despeito da nossa vontade. E vamos diariamente pisando os cacos e ferindo impiedosamente os pés descalsos, vivendo uma dor que nos faz o andar lento e atrasa a nossa caminhada.
Resistimos fortemente em juntar os destroços e lançá-los fora, em nos desporjarmos do que foi um dia, mas que não voltará.
Porque não voltará!!!
O estado das coisas mudou, houve uma ação transformadora, e daquela forma de antes não mais. Nunca mais seremos os mesmos. Às pessoas capazes, a experiência do sofrimento muda, aprimora, lapida, faz crescer. Nunca mais seremos os mesmo, não mais!
Mas, como agir? Como prosseguir? Se não temos vontade? Se estamos mortos e destruídos? Como refazer, reedificar, reeguer? Onde nos agarramos? Como buscar forças? Se tudo que sentimos é que o brilho da nossa estrela se apagou e uma tristeza imensa toma a nossa alma?
Minha experiência é a de buscar no mais íntimo do nosso ser! Acredito com veemência que somos aquilo que pensamos e desejamos. Temos a força dentro de nós, e ela é nossa, é intrínseca, faz parte até mesmo do nosso instinto de sobrevivência talvez.
Precisamos querer, tentar! Fazer florescer a nossa grandeza, armarmo-nos de garra e coragem, invocando a Fênix que há em cada um de nós, aquela ave gloriosa, pássaro de fogo que aquecerá a nossa alma. A força oculta e adormecida que trará o renascimento da nossa alegria e amor à vida, e nos permitirá ressurgir das cinzas de nós mesmos, livrando-nos do frio da morte em vida e resgatando a imortalidade do amor por si próprio, que há em cada um de nós.
A minha reflexão é no sentido de que não precisamos olhar para trás, porque somos nós que escolhemos olhar para trás.
Pessoalmente, estou me esforçando e optei por não correr o mesmo risco da mulher de Ló... Não quero ser a estátua de sal que repousa à beira do Mar Morto!
A idéia é analisar o que de fato queremos para o nosso presente, para cada instante, cada momento e é o que estou tentando...
Quais são minhas expectativas? O quê ou quem ou mesmo qual sentimento me faz bem?
Penso que de repente no ato de juntar cacos e chorar em cima deles ao invés de jogá-los fora e limpar o terreno para novas construções e edificações, uma nova história; posso estar desperdiçando uma chance incrível que a vida, em seus mistérios mais profundos, me oferece para a alegria de meus dias e da minha realização pessoal, assim como que um presente edificando bases de futuro!
A idéia é me agarrar aos mais ínfimos detalhes do quê ou quem ou qual sentimento me faz bem.
E não é que de repente, não mais que de repente! Como diz o poeta Vinícius de Moraes em Soneto da Separação, percebo que consegui me livrar do que não me serve mais...
Certa feita eu ouvi de uma pessoa maravilhosa, incrível e especial que passou pela minha vida, a seguinte frase: "o que não me serve eu atiro fora!" Muito sábia essa filosofia de vida, e me é pertinente no momento! Certo é que as pessoas não são iguais, admiro quem consegue "atirar fora!", não combina comigo! Não tenho essa força e energia. Não digo, também, que consiguirei atirar fora meus cacos.
Mas posso juntar tudo, fechar dentro de uma caixa e colocar na estante do meu passado alojada em um cantinho especial do meu coração, sem mágoa, ódio, nem mesmo rancor, só amor e saudade. Ficará lá, cuidarei com carinho, abrirei de quando em vez essa caixa preciosa, relembrarei tudo que foi lindo, darei risadas, sentirei até saudades, mas não mais dor, lágrimas e sofrimentos. Esses sentimentos eu agora atiro fora, realmente. Tenho a certeza de que eu sempre fiz o melhor que pude na minha existência, da melhor maneira que as minhas imperfeições me permitiram. Certeza que, se eu pudesse e conseguisse, teria feito muito melhor. Foi apenas o meu possível.
Como dizia o glorioso Chico Xavier, um exemplo de vida, Ninguém pode voltar no tempo e fazer um novo começo. Mas qualquer um pode (re)começar agora e fazer um novo fim.
Então agora eu escolho olhar para frente, me aventurar nas ondas das surpresas que a vida tem a oferecer. Não quero ser a estátua de sal que repousa à beira do Mar Morto! Mas sim como diz Isabela Taviani na música "Outro Mar", Abri as portas pra vida, pra ser vivida... abri meus braços pro mundo, não tô mais sem rumo... Livrei meu corpo da dor ...
Prefiro dar asas à Fênix que há em mim! Um símbolo de esperança, de persistência e de transformação de tudo que existe, um sinal de vitória da vida e da inexistência da morte.
Tenho motivos para ter força e renascer das cinzas. Sou feliz! Não estou só. Tenho junto de mim pessoas incríveis que me gostam, me acarinham, me valorizam e dão atenção, e que conseguem conviver com minhas imperfeições, pois julgam que vale a pena suportá-las, visto que realmente importo para elas. E eu sou muito grata por isso...
Uma certeza eu tenho: não quero que a vida passe por mim, quero eu passar por ela. Tomar posse da minha história e ser sempre sujeito dela. Não quero patinar, presa ao chão, na lama da insatisfação e infelicidade! Esse sentimento deixa as pessoas amargas! Nos tira a luz! O brilho! Tenho asas, quero voar... Os tombos? Ahhh!!!! Nos tornam o sal da terra...
Como em O Sermão da Montanha! Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se d´Ele. Então abriu a boca e lhes ensinava dizendo: Bem Aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o reino dos céus! Bem Aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem Aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem aventurados os que fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia! Bem aventurados os pacíficos porque serão chamados filhos de Deus! Bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus! Bem aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós. Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhes será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha, nem acender uma luz sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim brilhe vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus! (grifo meu)
Finalizo essa reflexão com uma frase que me foi dita há alguns dias por uma pessoa linda! Um ser mais e mais querido, por mim a cada dia, especial e encantador, que carrega no nome a crueldade, a tristeza e a força histórica de um Imperador; mas também, a doçura e a luz de um Glorioso Anjo que Deus enviou em seu nome com poderes de cura! Um alguém que ainda não percebeu o poder que tem, perante o mundo, de amar e ser amado, assim sendo ser feliz e fazer quem está a sua volta, também, feliz!
Quem vive no passado não tem presente e,
quem não vive o presente não terá futuro.
(pensamento da sabedoria milenar Chinesa).
Em assim sendo...
Voa, Fênix! Voa!
Bom dia e excelente
semana a todos!
Denise Cristina
3 comentários:
oioioiiii
tenta jogar aquilo que não te serve.. é dificil mas a gente consegue...
vim te dar montidubeijusssss
Oieeeee Guga!!!!
ahhhh o que não serve já joguei minha querida... né? Mas o que foi bom pode não! Quero não! Deixa aqui, guardadinho... É meu, tá no meu coração, eu que tenho!!! E ninguém tira de mim... hehe
Beijossssssssss
Ahhh Guga... Com certeza você está melhor que nós... Saudades, garota! :)) Beijoooss onde quer que vc esteja...
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