quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Canção a todos!!!
Mas, com certeza, não conseguirei.
Posso apenas dizer que não esquecerei jamais!
Para sempre estará gravado em meu coração...
Beijo a todos!!!
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Ao meu maior amor...
Tudo o que eu tenho e sou devo a você e aos meus avós.
Me ensinou a ser integra, responsável, amável, misericordiosa, fiel, entre tantas outras coisas. Me ensinou a amar ao próximo e não pensar duas vezes antes de estender a mão a alguém que precise. Me ensinou o que é amor. Nunca, jamais, em tempo algum não me senti amada por você. Muito pelo contrário, é seu amor que sempre me conforta.
Eu te amo com toda intensidade e agradeço a Deus por ter me colocado na sua vida, por ter me confiado em tuas mãos.
Parabéns! Sei que anda meio arredia, não quer festa, não quer bolo, mas filhos são filhos e dessa vez resolvi te desobedecer e fazer esse post!
Se bem conheço, já está aos prantos, assim como eu estou agora, " Filho de peixe peixinho é..."
Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo
Eu te amo
Beijos, de sua filha "pequena" Feibss
Hoje tem Bagunça!!!!!!!! Níver da Fabi!!
Hoje é seu dia
É muito justo
Que seja tão especial
Toda a sua tribo
Também concorda
E acha supernatural...
A gente quer tanto bem a você
Sua alegria contagia a todos nós
A gente quer é lhe devolver
Parte do que você
Traz pra gente...
Parabéns! Parabéns!
Hoje é o seu aniversário
Parabéns! Parabéns!
Mais uma volta no calendário...
Que você sorria
É o que importa
Baby! todo dia
Ter você presente
É nossa sorte
É o que nos faz potentes...
A gente quer tanto bem a você
Sua inocência purifica todos nós
A gente quer é lhe devolver
Parte do que você
Faz pra gente...
Parabéns! Parabéns!
Hoje é o seu aniversário
Parabéns! Parabéns!
Mais uma volta no calendário...
A gente quer tanto bem a você
Sua energia modifica todos nós
E quer é lhe devolver
Parte do que você
É pra gente!
Parabéns! Parabéns!
Hoje é o seu aniversário
Parabéns! Parabéns!
Mais uma volta no calendário..
Bagunceiros
Para sempre Che!
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Ode a Alegria!!!!
Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada -
reflecte o que a alma não tem. Por isso a canção
dos povos tristes é alegre e a canção dos
povos alegres é triste.
Fernando Pessoa
By RAG
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Aos meus queridos... Pessoas Incomparáveis!!!!
domingo, 26 de setembro de 2010
Abandono
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinícius de Moraes
sábado, 25 de setembro de 2010
Ladainha do Morto
Com dezessete facadas
na feira de Canabrava
Amaro Sampaio Mello
morreu por mim.
Com uma bala na testa
no Engenho de Canamansa
Francisco Bezerra Lima
morreu por mim
Bordel de Valparaíso:
com um punhal na garganta
Raquel Medina- a morena –
morreu por mim.
Com seu fuzil já sem balas
soldado de Ho Chi Minh
Cao Cih aos doze anos
morreu por mim.
Hans Alfred von Ahlenfeld
com a cabeça arrancada
por uma granada russa
morreu por mim.
Um conde de Budapeste
no Ponto Euxino um Ovídio
em Bucareste outro Ovídio
morreu por mim.
O poeta Mandelstamm
não terminou seu soneto
em sua prisão na Rússia
morreu por mim.
Landsberg era alemão
era grego e era judeu
no campo dos concentrados
morreu por mim.
Sansão sem olhos em Gaza
entre as ruínas do templo
destroçando os filisteus
morreu por mim.
Na rua Bento Lisboa
com carta de despedida
Marina bebeu veneno
morreu por mim.
Iracema abriu o gás
Ana Lúcia abriu as veias
um tiro na boca – Mary
morreu por mim.
Em Belém Mafalda flor
da beleza palestina
pisou na bomba entre relvas
morreu por mim.
Na Polônia na Rumânia
cada Raquel cada Sara
mirando o fuzil da Prússia
morreu por mim.
Em paredones de Havana
o frade de São Francisco
benzendo Paco Figueres
morreu por mim.
E nas ruas de Manágua
padre Ernesto Cardenal
um guerrilheiro sandino
morreu por mim.
No mesmo dia de sol
na rua de Pablo Cuadra
um “contra”de quinze anos
morreu por mim.
O jangadeiro Jerônimo
nos verdes mares bravios
alagado pelas águas
morreu por mim.
Em Lavras da Mangabeira
poeta Dimas Macedo
um irmão da Coronela
morreu por mim.
O poeta Kusakabe
ouviu o estouro da bomba
deu um grito em Hiroshima
morreu por mim.
Na praça de Little Rock
com uma guitarra na mão
o negro Bem baleado
morreu por mim.
Heitor nos muros de Tróia
Aquiles com o pé flechado
Pátroclo com sua lança
morreu por mim.
Em seu palácio Cleópatra
a cobra mordendo o seio
ninho de amores e aromas
morreu por mim.
Punhal de Brutus no peito
no sangue de sua toga
César meu rei meu pontífice
morreu por mim.
O grego e o troiano o líbio
o soldado o general
como Helena e Clitemnestra
morreu por mim.
E Teresa de Cepeda
chamada Teresa de Ávila
morrendo por não morrer
morreu por mim.
Em Paris Jorge – e no Chile
Baeza Pepe e Girola
Efraín, Napoleão,
morreu por mim.
Nos campos em flor da França
Jacques Alain e Charles
a flor-de-lis da esperança
morreu por mim.
Cada cabra do sertão
cada matador de engenho
cada jagunço da várzea
morreu por mim.
Uma noite Margarida
Olhou meu retrato triste
Saltou a janela verde
Morreu por mim.
A afogada do Leblon
o enforcado de Bangu
a defunta do Encantado
morreu por mim.
Um negro em Camaragibe
um João em Tanque d’Arca
uma cigana em Belgrado
morreu por mim.
Fui pregado em duas cruzes
e na cruz do meio um Deus
depois de sete palavras
morreu por mim.
Um por um eu os matei
um por um me assassinaram
fui salvo por cada um
cada um morreu por mim.
Estalo a língua na boca
a morte no céu da boca
tem gosto de vinho e mel
vou gozando seu sabor:
por cada um vou morrendo
vou morrendo devagar.
Amén.
Gerardo Mello Mourão
O vida não é justa... Mas, mesmo, assim... Sorria...
A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.
Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.
Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?
Charles Chaplin
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Lembrança de Morrer
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.
E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.
Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!
Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.
Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.
Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!
Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa!
Álvares de Azevedo
Desejo: Dia Especial ... A todos!!!!
Se alguém
Já lhe deu a mão
E não pediu mais nada em troca
Pense bem, pois é um dia especial
Eu sei
Que não é sempre
Que a gente encontra alguém
Que faça bem
E nos leve desse temporal
O amor é maior que tudo
Do que todos até a dor
Se vai
Quando o olhar é natural
Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
Acordei nesse mundo marginal
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
O amor é maior que tudo
Do que todos, até a dor
Se vai quando o olhar é natural
Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
E acordei, na terceira Guerra Mundial.
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo...
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo!
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Primavera...
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação. Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
(Grifo meu)
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
As coisas tão mais lindas...
Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem-vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela então eu me vi
Está em cima com o céu e o luar
Hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas
E séculos, milênios que vão passar
Água-marinha põe estrelas no mar
Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos
E penínsulas e oceanos que não vão secar
E as coisas lindas são mais lindas
Quando você está
Onde você está
Hoje você está
Nas coisas tão mais lindas
Porque você está
Onde você está
Hoje você está
Nas coisas tão mais lindas
Rapsódia para a Deusa Primavera
Julgou ser deus, o poeta, num dia,
Sonhou criar sua deusa perfeita
Fez o mais lindo rosto na poesia
E o mais perfeito corpo em sua eleita
Bordou em versos de paixão e sonhos
A musa imaginária mais formosa
Criou em sua face olhos risonhos
E na sua pele a maciez da rosa
A fez com tanto esmero e perfeição
Fulgurando e perfumando a atmosfera
Que deu o poeta à sua criação
O nome mais florido: primavera!
Mas eis que achando-se, ainda um deus,
Tomou a criação por sua amada
E descobriu que os sentimentos seus
Eram de amor pela deusa engenhada.
De repente, era um deus que viu-se escravo
Do grande amor à deusa que criou
Que, outrora, em veste de guerreiro bravo
Diante da própria escrita, fraquejou.
Queria tê-la inteira e em pessoa
Com tal intensidade a desejava
Mas seu anseio, resultando à toa,
Jazia na vontade, ao léu ficava.
E quando, enfim, adormeceu exausto
Sobre o papel, sobre o seu próprio tema,
Senhor da criação, excelso, fausto
Entrou, em sonho, em seu próprio poema.
E lá estava ela, envolta em flores
E dentre as flores era a flor mais bela
E recendindo aromas e sabores
Compunha cores nobres de aquarela
Tomou-a nos seus braços, loucamente
Cobriu-a com afagos e carícias
Amou-a tão febril e intensamente
Bebeu da amada todas as delícias
No mundo onírico e inebriante
Em que viveu a ventura de amar
Quis ter eternamente a nova amante:
Sendo deus, resolveu não despertar
Rasgou com decisão o seu poema
Aprisionou-se no sonho em que era
Dono da felicidade mais extrema:
Ter por amante a deusa primavera!
Oldney Lopes
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Contemplação...
Não acuso. Nem perdôo.
Eu não estava presente, quando formaram
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Canção Agalopada
Foi um tempo que o tempo não esquece
Que os trovões eram roucos de se ouvir
Todo o céu começou a se abrir
Numa fenda de fogo que aparece
O poeta inicia sua prece
Ponteando em cordas e lamentos
Escrevendo seus novos mandamentos
Na fronteira de um mundo alucinado
Cavalgando em martelo agalopado
E viajando com loucos pensamentos
Sete botas pisaram no telhado
Sete léguas comeram-se assim
Sete quedas de lava e de marfim
Sete copos de sangue derramado
Sete facas de fio amolado
Sete olhos atentos encerrei
Sete vezes eu me ajoelhei
Na presença de um ser iluminado
Como um cego fiquei tão ofuscado
Ante o brilho dos olhos que olhei
Pode ser que ninguém me compreenda
Quando digo que sou visionário
Pode a bíblia ser um dicionário
Pode tudo ser uma refazenda
Mas a mente talvez não me atenda
Se eu quiser novamente retornar
Para o mundo de leis me obrigar
A lutar pelo erro do engano
Eu prefiro um galope soberano
À loucura do mundo me entregar
Zé Ramalho
domingo, 19 de setembro de 2010
O Sentido da Vida
sentido da vida é nascer, crescer, envelhecer
e morrer, deixando sob a terra
este antigo corpo constituído da solitária e silenciosa matéria de
que foram feitas as estrelas e seus filhos, e os filhos de seus filhos,
ou não?
Sim, é este o sentido da vida, ou não.
O sentido da vida é descobrir alegre ou amargamente
a consciência das coisas, da alegria e da dor, da tristeza e do
tédio, e então alegrar-se ou entristecer-se, corada ou pálida
personagem de uma peça absurda, uma tragédia, comédia,
ópera bufa, ou não?
Sim, o sentido da vida é este – ou não.
Será o sentido da vida amar e odiar seu irmão, em silêncio
ou aos gritos, perdoar, ser perdoado, caminhar com firmeza ou
vacilante sobre o abismo, cair e erguer-se, ou não?
Sim, é este o sentido da vida, ou não.
Será porventura o sentido da vida caminhar juntos sobre a
mesma velha e generosa e solitária terra, dividir angústias e dor,
enredar-se no cipoal das palavras, dizer sim, ser entendido não,
dizer não, ser entendido sim, ou não?
Sim, o sentido da vida é este. Ou não.
Será o sentido da vida buscar luz nas sombras ou sombras na
luz, consumir dias e noites a trilhar o áspero caminho imperfeito,
buscar o caminho reto, a verdade, e descobrir então o caminho
torto, a estrada estreita e, no fim da estrada, apenas neblina, mistério,
horror, escuridão?
Sim, o sentido da vida é bem este, ou não.
Será, meu Deus, o sentido da vida acreditar em Deus
ou alguma coisa superior à capacidade de entender, cair de
joelhos e em prantos pedir caridade ou outro vago sentimento
qualquer, e nada ouvir em resposta, ou sim, ouvir então uma
voz silenciosa, inexistente e fria e, então, chorar, dormir,
sonhar, tudo em vão?
Sim, o sentido da vida é bem este – ou não.
Será o sentido da vida crer na dourada utopia, descobrir
então a insustentável fragilidade dos seres, o poder, a miséria, o
horror da humana e frágil condição?
Sim, é bem este, ou não, o sentido da vida. Ou não?
Estará o sentido da vida em sonhar o sonho impossível,
alcançar a estrela inatingível, vencer o inimigo imbatível, tocar a
realidade intangível, e encontrar nada mais que pesadelo, o nada,
a queda, a fantasia, miragens, ou não?
Sim, é bem este o sentido da vida, ou não.
Será o sentido da vida entregar-se apaixonadamente às idéias
de grande extensão, consumir-se como o fogo e ver apagar-se a
chama, a pedra virar pó, a brasa virar carvão? Será, criaturas, o
sentido da vida consumir o sangue das veias, esgotar a serenidade,
despentear os cabelos, perseguir a ilusão?
Sim, é bem este o sentido da vida, ou não.
Porque se existe sol também existe a lua, e a noite pode ser
tão clara às vezes quanto o mais claro dos dias, ou não; mas se há
perguntas demais e respostas de menos sempre haverá a busca, a
esperança, a viva luz no fim da escuridão.
Porque é isto – buscar – o sentido da vida. Ou não.
Luiz Fernando Emediato
sábado, 18 de setembro de 2010
O Homem e a Morte...
O homem já estava deitado
Dentro da noite sem cor.
Ia adormecendo, e nisto
À porta um golpe soou.
Não era pancada forte.
Contudo, ele se assustou,
Pois nela uma qualquer coisa
De pressagio adivinhou.
Levantou-se e junto à porta
- Quem bate? Ele perguntou.
- Sou eu, alguém lhe responde.
- Eu quem? Torna. – A Morte sou.
Um vulto que bem sabia
Pela mente lhe passou:
Esqueleto armado de foice
Que a mãe lhe um dia levou.
Guardou-se de abrir a porta,
Antes ao leito voltou,
E nele os membros gelados
Cobriu, hirto de pavor.
Mas a porta, manso, manso,
Se foi abrindo e deixou
Ver – uma mulher ou anjo?
Figura toda banhada
De suave luz interior.
A luz de quem nesta vida
Tudo viu, tudo perdoou.
Olhar inefável como
De quem ao peito o criou.
Sorriso igual ao da amada
Que amara com mais amor.
- Tu és a Morte? Pergunta.
E o Anjo torna: - A Morte sou!
Venho trazer-te descanso
Do viver que te humilhou.
-Imaginava-te feia,
Pensava em ti com terror...
És mesmo a Morte? Ele insiste.
- Sim, torna o Anjo, a Morte sou,
Mestra que jamais engana,
A tua amiga melhor.
E o Anjo foi-se aproximando,
A fronte do homem tocou,
Com infinita doçura
As magras mãos lhe cerrou...
Era o carinho inefável
De quem ao peito o criou.
Era a doçura da amada
Que amara com mais amor.
Manuel Bandeira
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
É só o Amor...
Monte Castelo
Legião Urbana
Composição: Renato Russo
(recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja
Ou se envaidece...
O amor é o fogo
Que arde sem se ver
É ferida que dói
E não se sente
É um contentamento
Descontente
É dor que desatina sem doer...
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...
É um não querer
Mais que bem querer
É solitário andar
Por entre a gente
É um não contentar-se
De contente
É cuidar que se ganha
Em se perder...
É um estar-se preso
Por vontade
É servir a quem vence
O vencedor
É um ter com quem nos mata
A lealdade
Tão contrário a si
É o mesmo amor...
Estou acordado
E todos dormem, todos dormem
Todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade...
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria...
A Grande Ilusão
Houve um tempo em que ele acreditou em Deus.
Haviam-lhe dito que ele existia
e ele via o rosto de Deus na dourada estrela da manhã, no
silêncio frio das madrugadas, no riso e na tristeza, na luz e na
escuridão. Eram tempos felizes, então.
Ele não se lembra mais quando perdeu a fé e desistiu de
Deus, mas isso – a data – não tem importância. O significativo é
que deixou de pensar na existência de Deus, de qualquer criador, e
seguiu em frente, carregando como um duro fardo suas pequenas
certezas, suas grandes dúvidas, seus sonhos, esperanças, ilusões.
No início pensou que seguir vivendo sem fé seria amargo
e vazio. A um homem sem Deus tudo seria permitido, até o
crime? Lembrava sua infância, o catecismo, a missa, os padres, as
confissões, o pecado e o perdão e perguntava-se o que faria da
vida a partir de agora – quando não havia mais pecado e, portanto,
culpa, remorso, punição.
Mas a vida continuou igual sem Deus. Havia, é claro, a angústia,
a incerteza diante da morte a caminho – todos os dias ele morria
mais um pouco, as rugas surgindo no canto dos olhos e dos lábios,
o relógio correndo, os olhos apertando-se, às vezes cinicamente,
diante da quase certeza de que a vida é de certa forma absurda e
sem sentido, embora ocasionalmente bela, maravilhosa, mágica.
É engraçado, pensa o homem, como ele se desligou tão
facilmente da idéia de Deus: sem traumas, sem dor, sem nada.
E como, embora sem acreditar, ele lê desde a infância a Bíblia,
descobrindo, do Gênesis ao Apocalipse, verdades e mentiras,
delírios, fantasias, lições. Um livro o fascina mais que os outros:
o Eclesiastes, com suas palavras desesperançadas: vaidade, tudo
é vaidade. Todas as coisas têm seu tempo, e todas elas passam
debaixo do céu, segundo o termo que a cada uma foi prescrito.
Geração vai, geração vem, e a terra permanece como sempre,
diz o Eclesiastes, e continua: levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta
ao seu lugar onde nasce de novo. O que foi, é o que há de ser; e o
que se fez, isso se tornará a fazer: não há nada de novo sob o sol.
Nem mesmo a descrença, acrescentaria o homem – este homem
que olha as estrelas à noite (quando há estrelas no céu) e pensa,
fascinado, no grande e insolúvel mistério da vida.
Há o tempo de nascer e o de morrer, o tempo de viver e o
de voltar ao pó, ao Cosmos, quando a frágil carne se torna outra
vez poeira de estrelas, eternidade, silêncio e solidão. Mas tudo se
move, pensa o homem, tudo se move. Ele se lembra então da vez
em que viu, no Museu do Espaço, em Washington, o filme Ten
(Dez): uma câmera focaliza um casal com seu filho brincando em
um parque e vai se distanciando dele, subindo rumo ao universo
nas escalas do número dez: vê-se a família, a cidade, depois o
Estado, o país, o planeta Terra, o sistema solar, a vida Láctea,
todas as galáxias, e depois o vazio imensurável – tudo? Na escala
inversa, volta-se vertiginosamente ao grupo humano; um corpo,
o braço da mulher, a pele, um poro, uma célula, um átomo, o
núcleo do átomo, partículas minúsculas, e então outra vez o vazio
imensurável – tudo? Eternidade. Silêncio. Solidão.
Como somos frágeis, pensa o homem. É nesse instante
dramático em que quase soçobra entre o ser e o nada que o
homem olha com inveja aqueles que o cercam e acreditam, de
alguma forma, em Deus. Ou em algo. Eles são o equilíbrio? A
harmonia? A razão?
Deus é conforto? É paz? É serenidade? O homem sorri
levemente enquanto faz essas perguntas e olha os despreocupados
rostos dos que têm fé ou não pensam jamais nisso: apenas crêem,
mais nada. Às vezes, que estranho, este homem duro sente um
grande amor por todos eles – como se fossem mais frágeis por
iludirem-se? Mas então ele se olha no espelho e pergunta: mas
quem se ilude? Eles? Eu?
E então… então ele se lembra, com ternura, de anteontem,
quando o filho de oito anos perguntou: “Pai, é verdade essa história
de Adão e Eva?” E ele, o pai, tentou explicar toda a história do
homem e sua evolução: átomos, água, carbono, amebas, megatérios,
macacos, homens – a fascinante história da vida e da morte sobre
a terra. “Mas e Deus, pai?”, perguntou o menino. E o homem se
cala. Mas como manter o silêncio? E então ele pergunta ao menino
o que ele acha, e a resposta vem: “Eu acredito”. Tão simples. Tão
fácil. Tão singelo.
Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receba de graça
a água da vida, diz o Apocalipse, este livro cheio de mistérios,
visões lisérgicas, sóis negros, rios de sangue, estrelas cadentes,
tempestades, céus que se enrolam como pergaminhos, terremotos,
mares de vidro, tochas ardentes e monstros alados.
Mas o Apocalipse é um livro terrível: melhor voltar ao
Eclesiastes: “E eu reconheci que não havia coisa melhor do que
alegrar-se o homem, e fazer bem enquanto lhe dura a vida”.
Com ou sem Deus. Com ou sem Deus, meus filhos.
Luiz Fernando Emediato
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Guitarra
punhal de prata!
nem foste tu que fizeste
a minha mão insensata.
vi-te brilhar entre as pedras,
punhal de prata!
- no cabo flores abertas,
no gume, a medida exata,
exata, a medida certa,
punhal de prata,
para atravessar-me o peito
com uma letra e uma data.
A maior pena que eu tenho,
punhal de prata,
não é de me ver morrendo,
mas de saber quem me mata."
Cecília Meirelles
O Fantasma e a Canção
- QUEM BATE? - "A noite é sombria!"
- Quem bate? - "É rijo o tufão!...
Não ouvis? a ventania
Ladra à lua como um cão."
- Quem bate? - "O nome qu'importa?
Chamo-me dor... abre a porta!
Chamo-me frio... abre o lar!
Dá-me pão... chamo-me fome!
Necessidade é o meu nome!"
- Mendigo! podes passar!
"Mulher, se eu falar, prometes
A porta abrir-me?" - Talvez.
- "Olha... Nas cãs deste velho
Verás fanados lauréis.
Há no meu crânio enrugado
O fundo sulco traçado
Pela c'roa imperial.
Foragido, errante espectro,
Meu cajado - já foi cetro!
Meus trapos - manto real!"
- Senhor, minha casa é pobre...
Ide bater a um solar!
- "De lá venho... O Rei-fantasma
Baniram do próprio lar.
Nas largas escadarias,
Nas vetustas galerias,
Os pajens e as cortesãs
Cantavam!... Reinava a orgia!...
Festa! Festa! E ninguém via
O Rei coberto de cãs!"
- Fantasmas! Aos grandes, que tombam,
É palácio o mausoléu!
- "Silêncio! De longe eu venho...
Também meu túmulo morreu.
O séc'lo - traça que medra
Nos livros feitos de pedra -
Rói o mármore, cruel.
O tempo - Átila terrível
Quebra co'a pata invisível
Sarcófago e capitel.
"Desgraça então para o espectro,
Quer seja Homero ou Solon,
Se, medindo a treva imensa
Vai bater ao Panteon...
O motim - Nero profano -
No ventre da cova insano
Mergulha os dedos cruéis.
Da guerra nos paroxismos
Se abismam mesmo os abismos
E o morto morre outra vez!
"Então, nas sombras infindas,
S'esbarram em confusão
Os fantasmas sem abrigo
Nem no espaço, nem no chão...
As almas angustiadas,
Como águias desaninhadas,
Gemendo voam no ar.
E enchem de vagos lamentos
As vagas negras dos ventos,
Os ventos do negro mar!
"Bati a todas as portas
Nem uma só me acolheu!..."
- "Entra! -: Uma voz argentina
Dentro do lar respondeu.
- "Entra, pois! Sombra exilada,
Entra! O verso - é uma pousada
Aos reis que perdidos vão.
A estrofe - é a púrpura extrema,
Último trono - é o poema!
Último asilo - a Canção!...
Castro Alves
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
O Poço - Pablo Neruda
O Poço
Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.
Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?
Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.
Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.
Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.
Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.
Pablo Neruda
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Para quem tem ouvidos de ouvir...
Ouvir Estrelas
Ora ( direis ) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo? "
E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas
Olavo Bilac
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Briga no Beco
Encontrei meu marido às três horas da tarde
com uma loura oxidada.
Tomavam guaraná e riam, os desavergonhados.
Ataquei-os por trás com mãos e palavras
que nunca suspeitei conhecer.
Voaram três dentes e gritei, esmurrei-os e gritei,
gritei meu urro, a torrente de impropérios.
Ajuntou gente, escureceu o sol,
a poeira adensou como cortina.
Ele me pegava nos braços, nas pernas, na cintura,
sem me reter, peixe-piranha, bicho pior,
[fêmea-ofendida,
uivava.
Gritei, gritei, gritei, até a cratera exaurir-se.
Quando não pude mais fiquei rígida,
as mãos na garganta dele, nós dois petrificados,
eu sem tocar o chão. Quando abri os olhos,
as mulheres abriam alas, me tocando, me pedindo
[ graças.
Desde então faço milagres.
Adélia Prado
De Bagagem (1976)
domingo, 12 de setembro de 2010
Vagabundo
Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso,
Nas noites de verão namoro estrelas,
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso...
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas...
E quem vive de amor não tem pobreza.
Não invejo ninguém, nem ouço a raiva
Nas cavernas do peito, sufocante,
Quando, à noite, na treva em mim se entornam
Os reflexos do baile fascinante.
Namoro e sou feliz nos meus amores,
Sou garboso e rapaz... Uma criada
Abrasada de amor por um soneto,
Já um beijo me deu subindo a escada...
Oito dias lá vão que ando cismando
Na donzela que ali defronte mora...
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora...
Tenho por meu palácio as longas ruas,
Passeio a gosto e durmo sem temores...
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.
O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta
E a preguiça a mulher por quem suspiro.
Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua...
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.
Sinto-me um coração de lazzaroni,
Sou filho do calor, odeio o frio,
Não creio no diabo nem nos santos...
Rezo a Nossa Senhora e sou vadio!
Ora, se por aí alguma bela
Bem dourada e amante da preguiça,
Quiser a nívea mão unir à minha
Há de achar-me na Sé, domingo, à missa.
Álvares de Azevedo
sábado, 11 de setembro de 2010
Cai um Pingo de Luz!
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
À Eternidade do Amor...
Reverência ao Destino
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou "como vai?"
Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor somente a quem te ama.
Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
"A Primavera Vem Aí!!!!"
"Poderia ser mais um setembro,
que por si só já é encanto.
Mês das flores, clima suave, amores...
Poderia ser mais um dia comum
que por si só tem seu sabor
mas não foi...
Só nós sabemos...
Mas, não pudemos mudar o destino
tampouco sentimentos....
E a roda viva do tempo
trouxe e trará outros setembros
eu sei....
Com eles, vieram e virão novas flores
novos dias, suas cores,
primaveras...
E a contínua espera
em que novamente floresça,
no frio dessa ausência sentida,
O amor... combustível da vida...."
(Rose Felliciano)
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Quando vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Para além da curva da estrada
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que ha para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Alberto Caeiro
Estrela Natureza
Estrela natureza precisamos demais
De ter sempre por perto
Na calma e santa paz
Nos morros e nos campos
No sol e no sereno
Zelando por florestas
Cuidando dos animais
Mulher, e Mãe de todos
O que será de nós
Se a força do inimigo,
Calar a tua voz
Que sai dos passarinhos
Dos mares e dos rios
Dos vales preguiçosos
Dos velhos pantanais.
Sá e Guarabyra
terça-feira, 7 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Apesar de Você - Chico Buarque
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa
Apesar de você
domingo, 5 de setembro de 2010
Mas, e o "Humour"?
Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o 'humour'?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.
Carlos Drummond de Andrade
sábado, 4 de setembro de 2010
A vida é muito pior!!!!!
Apenas um Rapaz Latino-Americano
Belchior
Eu sou apenas um rapaz
Latino-Americano
Sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes
E vindo do interior...
Mas trago, de cabeça
Uma canção do rádio
Em que um antigo
Compositor baiano
Me dizia
Tudo é divino
Tudo é maravilhoso...
Tenho ouvido muitos discos
Conversado com pessoas
Caminhado meu caminho
Papo, som, dentro da noite
E não tenho um amigo sequer
Que ainda acredite nisso
Não, tudo muda!
E com toda razão...
Eu sou apenas um rapaz
Latino-Americano
Sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes
E vindo do interior...
Mas sei
Que tudo é proibido
Aliás, eu queria dizer
Que tudo é permitido
Até beijar você
No escuro do cinema
Quando ninguém nos vê...
Não me peça que eu lhe faça
Uma canção como se deve
Correta, branca, suave
Muito limpa, muito leve
Sons, palavras, são navalhas
E eu não posso cantar como convém
Sem querer ferir ninguém...
Mas não se preocupe meu amigo
Com os horrores que eu lhe digo
Isso é somente uma canção
A vida realmente é diferente
Quer dizer!
A vida é muito pior...
E eu sou apenas um rapaz
Latino-Americano
Sem dinheiro no banco
Por favor
Não saque a arma no "saloon"
Eu sou apenas o cantor...
Mas se depois de cantar
Você ainda quiser me atirar
Mate-me logo!
À tarde, às três
Que à noite
Tenho um compromisso
E não posso faltar
Por causa de vocês...
Eu sou apenas um rapaz
Latino-Americano
Sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes
E vindo do interior
Mas sei que nada é divino
Nada, nada é maravilhoso
Nada, nada é sagrado
Nada, nada é misterioso, não...
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Aos amigos do Baguncinha!!!!
Amigo virtual...
Você que é meu amigo,
você que sempre me socorre quando preciso,
você que fala de assuntos interessantes
às vezes coisas banais que para mim são tão importantes!
Você, que,
às vezes,
tão longe,
mas que sinto tão perto em meu coração...
Você, meu amigo,
que não vejo os olhos,
mas sinto a alma,
está sempre próximo,
bem mais perto do que a própria tela,
está mais próximo do que imagina...
Você meu amigo,
que invadiu minha vida,
fez-me gostar-te muito,
que não veio apenas através de um cabo telefônico,
mas veio do vento,
vento que nos leva para o encontro das nossas alegrias
para a proximidade dos nossos sonhos.
Você é especial, e tudo o que se refere à você.
São tão importantes para mim:
as suas alegrias, as suas mágoas, as suas histórias e suas aventuras,
quero-te sempre próximo de mim!
Você meu amigo,
que é muito mais que um encontro virtual,
é a realidade dos meus dias!
Por você eu navego,
por você eu crio,
por você eu tenho suportado tantas coisas,
com tanta força...
A você meu amigo,
gostaria de fazer alguns pedidos:
Que você sempre permaneça,
em minha vida,
em meu coração.
Que seja meu eterno amigo;
além da tela,
além do tempo,
aqui dentro do meu coração...
Autor desconhecido...
Texto sugerido pela nossa querida JUH
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Carinho aos meus queridos... "Metade"
Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que tristeza...
Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada
mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz
que eu mereço.
E que essa tensão
que me corrói por dentro
seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,
que me lembro ter dado na infância.
Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...
também!
Poema de Ferreira Gullar "Metade"
Declamado no Vídeo Por Oswaldo Montenegro
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Parabéns Corinthians 100 anos de história!!!!
Escolhas de Vídeo e Texto foram contribuições de Jairo
"Sigo a vida conforme o roteiro,
sou quase normal por fora, pra ninguém desconfiar.
Mas por dentro eu deliro e questiono.
Não quero uma vida pequena, um amor pequeno,
uma alegria que caiba dentro da bolsa.
Eu quero mais que isso.
Quero o que não vejo.
Quero o que não entendo.
Quero muito e quero sem fim.
Não cresci pra viver mais ou menos,
nasci com dois pares de asas, vou aonde eu me levar.
Por isso, não me venha com surfícies, nada raso me satisfaz.
Eu quero é o meu mergulho.
Entrar de roupa e tudo no infinito que é a vida."
Clarice Lispector