" ... Permita que eu feche os meus olhos, pois é muito longe e tão tarde! Pensei que era apenas demora, e cantando pus-me a esperar-te. Permite que agora emudeça: que me conforme em ser sozinha. Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina. Permite que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo, e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo ... "
- "Já néscio, já da guerra desistindo, Uma noite de Dóris prometida, Me aparece de longe o gesto lindo Da branca Tétis única despida: Como doido corri de longe, abrindo Os braços, para aquela que era vida Deste corpo, e começo os olhos belos A lhe beijar, as faces e os cabelos.
56
- "Ó que não sei de nojo como o conte! Que, crendo ter nos braços quem amava, Abraçado me achei com um duro monte De áspero mato e de espessura brava. Estando com um penedo fronte a fronte, Que eu pelo rosto angélico apertava Não fiquei homem não, mas mudo e quedo, E junto dum penedo outro penedo.
57
- "Ó Ninfa, a mais formosa do Oceano, Já que minha presença não te agrada, Que te custava ter-me neste engano, Ou fosse monte, nuvem, sonho, ou nada? Daqui me parto irado, e quase insano Da mágoa e da desonra ali passada, A buscar outro inundo, onde não visse Quem de meu pranto e de meu mal se risse,
58
- "Eram já neste tempo meus irmãos Vencidos e em miséria extrema postos; E por mais segurar-se os Deuses vãos, Alguns a vários montes sotopostos: E como contra o Céu não valem mãos, Eu, que chorando andava meus desgostos, Comecei a sentir do fado inimigo Por meus atrevimentos o castigo.
59
- "Converte-se-me a carne em terra dura, Em penedos os ossos se fizeram,
Estes membros que vês e esta figura Por estas longas águas se estenderam; Enfim, minha grandíssima estatura Neste remoto cabo converteram Os Deuses, e por mais dobradas mágoas, Me anda Tétis cercando destas águas." -
60
"Assim contava, e com um medonho choro Súbito diante os olhos se apartou; Desfez-se a nuvem negra, e com um sonoro Bramido muito longe o mar soou. Eu, levantando as mãos ao santo coro Dos anjos, que tão longe nos guiou, A Deus pedi que removesse os duros Casos, que Adamastor contou futuros.
Nós trabalhadores precisamos compreender e ter a certeza de que nada é por acaso... Estamos inseridos, em nossa sociedade, num mundo globalizado e sob a lógica do grande capital. Sistema esse em crise, inclusive, e que busca desenvolver mecanismos para sua sustentação e perpetuação. Um deles é a precarização dos direitos dos trabalhadores.
"Os sindicatos hoje não podem mais representar uma parcela limitada da classe dos trabalhadores, eles têm que compreender a totalidade!"
É a lógica do capital que destrói nossos direitos! E a descaracterização dos Sindicatos como instrumento de lutas dos trabalhadores legitimam e sustentam essa lógica perversa do capital.
Ricardo Antunes é um estudioso, mas também um forte militante pela diminuição da jornada de trabalho, e do tempo de vida no trabalho visando a democratização ao emprego, na contramão do desemprego.
Hora-extra, portanto, é um fator que contribui para o desemprego e a diminuição do acesso ao trabalho. Além de não resolver o problema dos baixos salários ainda agrava e aumenta os bolsões de desemprego e legitima os bolsões de riqueza. E isso também faz parte da lógica do capital.
Existem questões mais urgentes e amplas a serem discutidas assim como a Reforma Previdenciária e o fator previdenciário. E não podemos nos furtar a esse debate.
"Toda reforma previdenciária se diz que é pra combater privilégios. Ora, privilégios não são os trabalhadores que têm privilégios. Se querem combater privilégios tem os que ganham 30, 40 (mil por mês)..."
Até o serviço público está sob a égide da terceirização, o que fere o art. 37 da Constituição e descaracteriza a unidade dos trabalhadores em caso de greve e reivindicações de direitos. O que contribui para aumentar a exploração do trabalhador e diminuir o processo democrático.
"O Sindicato ele não é apenas um orgão para lutar por questões econômicas, por melhor condições de trabalho (...) ele também participa da vida na sociedade (...) e quando se tem o enfraquecimento do sindicato o maior problema é a exploração"... "É um problema social não é apenas legal"...
A CONCLAT aponta para uma nova organização de representação da classe trabalhadora, hoje não representada e à margem total de direitos e sujeita à super-exploração... É o caminho inverso à fragmentação e busca lutar pelos direitos de todos aqueles que vivem do trabalho visando o combate à precarização dos direitos e preservando a dignidade, e a implementação de uma central sindical que não legitime reformas que nos retire direitos históricos conquistados na luta, voltados para um trabalho que busque a não exploração mas a emancipação do trabalhador.
E só o sindicalismo independente e a contribuição voluntária é que fortalece e preserva os Sindicatos e as organizações dos trabalhadores desatrelando esses movimentos do Estado, à serviço da classe...
Denise Cristina Nogueira
(Fabi Cris na net)
Pedagoga e Professora de Educação infantil
na Prefeitura Municipal de Paulínia/SP.
Ex-sindicalista, também uma das fundadoras do Sindicato dos Trabalhadores da UNICAMP e há 26 anos na luta.
Hoje há mais de dois meses sem o recebimento dos salários por ter usufruido do seu direito legal e constitucional à greve, reivindicando direitos básicos como: Data Base, vale transporte, reajuste salarial, sala de aula para exercer a profissão, e outros... Tendo sido esta a primeira greve do funcionalismo público que ousou combater a oligarquia representada pelo poder público na Cidade de Paulínia/SP, na figura do Prefeito José Pavan Júnior, que tem como parceira a Justiça Estadual da cidade, dentre outros, e que vem atacando forte e perversamente os trabalhadores e organização desses trabalhadores alvejando o Sindicato da categoria, que representa a primeira gestão que teve coragem para a organização e luta dos trabalhadores do Serviços Públicos de Paulínia.
Companheiros de luta...
Avançar sempre, desistir jamais...
"Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas,
mas jamais conseguirão deter a primavera inteira." Che Guevara
Quem nunca quis morrer Não sabe o que é viver Não sabe que viver é abrir uma janela E pássaros pássaros sairão por ela E hipocampos fosforescentes Medusas translúcidas Radiadas Estrelas-do-mar... Ah, Viver é sair de repente Do fundo do mar E voar... e voar... cada vez para mais alto Como depois de se morrer!
Chama-se a Dor, e quando passa, enluta E todo mundo que por ela passa Há de beber a taça da cicuta E há de beber até o fim da taça! Há de beber, enxuto o olhar, enxuta A face, e o travo há de sentir, e a ameaça Amarga dessa desgraçada fruta Que é a fruta amargosa da Desgraça! E quando o mundo todo paralisa E quando a multidão toda agoniza, Ela, inda altiva, ela, inda o olhar sereno De agonizante multidão rodeada, Derrama em cada boca envenenada Mais uma gota do fatal veneno!